Desrespeito vira rotina no vagão exclusivo de mulheres no Metrô do Recife

Sem dinheiro para pagar seguranças em 'vagão rosa', metrô do Recife avalia separar passageiros em plataforma de embarque


Segundo o superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, tal proposta também se estenderia a quem tem dificuldades de mobilidade.


Reconhecendo o insucesso do vagão rosa no metrô do Recife diante da ausência de fiscalização por conta da falta de recursos, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) estuda implantar novas formas de delimitar o uso de alguns vagões para o público feminino. A separação de passageiros na plataforma de embarque é uma das propostas analisadas pelo órgão, mas não há uma data para que a ideia seja tirada do papel.

Implantada em janeiro de 2017, a iniciativa contava com adesivos de sinalização e a presença de seguranças. Os profissionais, no entanto, deixaram os vagões devido aos altos custos para a permanência da sua atuação no local, conforme alega a CBTU.

“Não tínhamos condições de bancar um custo desse. Depois que tiramos a segurança do interior dos trens, os homens deixaram de respeitar o vagão. A sinalização continua, mas não tem respeito do usuário”, explica o superintendente do órgão, Leonardo Villar, ressaltando que não houve suspensão da iniciativa.

“Foi algo espontâneo. Existe fisicamente, mas não existe operacionalmente”

Operando com uma sinalização considerada irrelevante para afastar os passageiros do sexo masculino, o vagão rosa vai passar por uma reformulação. “Estamos estudando a viabilidade da separação dos passageiros na plataforma de embarque. Isso também se estenderia a quem usa o metrô e tem dificuldades de mobilidade”, afirma Villar.

A iniciativa, no entanto, segue sem data para a implantação. “Precisamos de recursos adicionais para fazer isso. No momento, estamos concentrados em operar com o orçamento que temos, então esse projeto vai ser executado quando tivermos a verba”, alega o superintendente da CBTU, à espera de recursos vindos do Ministério dos Transportes para a reposição de orçamentos anuais.

Opiniões divididas desde o início

Na época da implantação, em janeiro de 2017, o vagão rosa foi inaugurado em meio a análises distintas de quem utilizaria o serviço. De um lado, algumas passageiras ressaltaram a sensação de segurança dentro do espaço, mas, de outro, a queixa de vulnerabilidade das passageiras foi algo considerado durante a primeira viagem.

Ao longo do funcionamento, passageiras reclamaram da falta de respeito de homens, que, sem a presença de seguranças, entravam no vagão exclusivo para o público feminino. A reportagem da TV Globo flagrou alguns dos passageiros desrespeitando a determinação e, por meio de nota, a CBTU informou ter suspendido os seguranças que fiscalizavam o vagão rosa por falta de recursos.

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